Como consultoras em aleitamento materno podem preparar gestantes para a amamentação.

A gestação, o parto e a amamentação são processos naturais. Isso ninguém nega. O corpo é inteligente e maravilhoso. Mas o corpo também é impactado pela nossa mente e nossas emoções. A cultura pode influenciar – e muito – o processo fisiológico de uma mulher. 

Quer um exemplo? Mesmo o Brasil sendo referência em aleitamento materno, ainda existe um incentivo grande ao desmame precoce, o que leva à introdução de bicos artificiais ou alimentos complementares muito cedo na vida do bebê.

Por isso a orientação de profissionais habilitados é importante. Para informar, desmistificar e apoiar a mulher desde o momento em que descobre a gravidez até o período de amamentação. Para mostrar a ela como seu corpo se modifica e se adapta para se preparar para a amamentação. É importante exaltar a capacidade do organismo de gerar e nutrir uma criança. 

Enfim, existem n formas de ajudar uma mulher a se preparar para o aleitamento materno. Vamos ver algumas delas?

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Tudo começa bem antes do parto…

Além de se preparar para o parto, a gestante precisa se preparar para a amamentação. Uma boa forma de começar a orientar a gestante é partir do conhecimento que ela já tem sobre o aleitamento materno. Isso ajuda o profissional a conhecer as experiências, expectativas, receios e estigmas da mulher e informá-la da melhor maneira. 

É importante oferecer informações reais e qualificadas sobre a amamentação, sem romantizar e superestimar essa prática. Isso pode gerar frustração na mulher, por não conseguir realizar uma atividade que “deveria ser espontânea”. 

Grupos de apoio focados na amamentação também são altamente recomendáveis, não só depois do parto mas também durante a gestação, pois promovem troca de experiências e ajuda a formar uma rede de apoio com quem ela poderá contar durante e após a gravidez. 

Além disso, a família da gestante também deve ser preparada, pois isso facilita a adesão à amamentação. O papel da consultora em aleitamento materno é orientar a família sobre o preparo das mamas e sobre a identificação e manejo de problemas comuns. 

Amamentação após o parto

Com o nascimento do bebê, vem o primeiro contato com a amamentação. Quando o parto é natural, esse primeiro contato é beneficiado, tanto pelos hormônios quanto pela disposição física da mãe, que não necessita de cuidados pós-cirúrgicos. No entanto, mesmo que o nascimento seja por cesárea, o ideal é que o bebê não seja logo separado da mãe.

Durante a “Hora Dourada” – a primeira hora de vida do bebê – acontece um pico de ocitocina que estimula o vínculo entre mãe e bebê. Tudo começa no contato pele-a-pele. Contato esse, que já faz parte das diretrizes brasileiras de atenção ao parto, mesmo sofrendo resistência por parte dos profissionais.

Sabemos que quando o bebê nasce, os protocolos médicos exigem uma série de intervenções: pesar, medir, aspirar, vacinar, apgar, etc. Mas, se o bebê está bem, essas intervenções podem ser atrasadas em até 2 horas ou serem feitas enquanto ele está no colo da mãe. 

Por que manter esse contato é tão importante? Porque quando o bebê é separado da mãe há um aumento dos níveis de cortisol no seu organismo, que provocam stress e podem prejudicar o reflexo de sucção trazendo consequências para o estabelecimento da amamentação.

E quando falta o contato entre mãe e bebê?

Nesse caso, precisamos colocar o bebê em contato pele a pele com a mãe o quanto antes (em um contato pele a pele tardio) para recuperar o tempo perdido, seja na sala de recuperação anestésica ou no quarto. Afinal, o leite alimenta fisicamente, mas o contato alimenta emocionalmente.

Tanto o contato pele a pele precoce, quanto o leite materno oferece ao bebê uma proteção poderosa, que ajuda a evitar doenças gastrointestinais e respiratórias, além de trazer benefícios a longo prazo. Por isso estimular o contato e o aleitamento é tão importante!

Referência: Curso de Formação de Consultoras em Aleitamento da UniMaterna