Por conta da Cultura do Desmame, sim. 

Mas afinal o que é a Cultura do Desmame?

Esse é o nome dado a um dos fatores responsáveis pelo alto índice de desmame no Brasil, fazendo com que amamentar se torne quase que um privilégio e fazendo com que a grande maioria desista de amamentar ou só amamente exclusivamente pelos primeiros 54 dias do bebê. Mas o que isso significa? Significa que os recém-nascidos recebem apenas o leite materno até pouco antes de completar dois meses de vida. Ou seja, temos uma epidemia de desmame precoce, quando o bebê é desmamado antes dos dois anos de idade.

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E por que existe a Cultura do Desmame?

Por conta das mudanças culturais e a pressão da indústria. Elas corroboram para que desmamar seja o “natural” e amamentar se torne a exceção, o não habitual. 

Normal mesmo é criança com chupeta na boca e segurando a própria mamadeira, fazendo com que práticas prejudiciais para a amamentação e para o bebê se perpetuem e virem regras. Um bom exemplo disso são as clássicas frases: “Ele está chupetando!”, “Você nunca vai conseguir criar essa criança sem chupeta, você não vai aguentar!”. Além de serem grandes mentiras, são totalmente necessárias de serem perpetuadas.

A cultura do desmame se mostra de muitas formas nas esferas sociais, como quando a família afirma que o “leite é fraco”, “o leite virou água”, “que feio essa criança deste tamanho mamando no peito”. Ou, quando em público, sexualizam sua amamentação, fazendo com que seu corpo se torne objeto de desejo de homens. Ou, porque desconhecidos acreditam que a alimentação infantil deva se restringir ao espaço privado, ou pedem para você se cobrir.

A cultura do desmame está impregnada no dia a dia social e podemos ver isso quando uma gestante é presenteada com mamadeiras e chupetas no chá de bebê, quando as propagandas de dia das mães/pais em que mostram os bebês sendo alimentados com mamadeira, quando dizem que o seio vai ficar caído por amamentar. Essa cultura é tão forte que chega ao ponto de banalizar o aleitamento materno como segunda opção, promovendo as fórmulas como algo comum a ponto das mulheres acharem que seus leites são fracos.

Mas, de onde vem essa cultura do desmame? 

Por que as fórmulas tomaram nosso espaço?

Pense, se você tivesse que vender fórmula para bebês pet, não seria interessante você apresentar o seu produto como sendo melhor do que o que saí do pet naturalmente? Pois bem, assim é a ação das indústrias, pois são as grandes marcas que, assim como todas as outras, precisam obter lucro, bater metas e conquistar clientes, certo? 

E como elas vão conseguir isso se você não desmamar? Para que as indústrias cresçam e vendam mais as fórmulas, mais mulheres precisam desmamar. 

Acaba se tornando um ato cruel, usando a insegurança e a fragilidade familiar com a chegada de uma criança como um produto salvador da pátria que traz melhores noites, praticidade e uma super nutrição, além da associação de grandes marcas a patrocínio de congressos e conferências de pediatria, portais de estudos a jovens pediatras recém formados, se tornando uma relação conflitante e antiética.

Pense em uma criança que não mama e consome leite artificial, mamadeira, chupeta, latas esterilizantes, bicos, potes, enfim uma quantidade imensa de produtos que prometem melhorar e facilitar a alimentação do seu bebê. 

Uma criança que não mama precisará de chupeta para sugar e se regular emocionalmente. Uma criança que não mama ficará mais doente, usando mais remédios, mais internações e mais idas ao médico. Uma criança que não mama poderá ter problemas futuros pelo uso dos bicos, seja na fala, ortodontia, no sistema respiratório, enfim… Uma criança que não mama é lucrativa para a indústria e para os profissionais que não promovem o aleitamento materno.

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