Por: Marília Bittencourt – Enfermeira Obstétrica.

Cortar para não rasgar. Faz sentido pra você?

Ao corte realizado na região perineal durante o expulsivo se dá o nome de episiotomia. Muitas vezes, a justificativa utilizada para realização deste corte é que ele atuaria como uma prevenção às lacerações na região do períneo, ou seja, quando o tecido rompe sozinho.

Mas vamos pensar juntas…Se eu não quero que algo se rompa ou rasgue, eu não corto, certo?
As lacerações da região do períneo, durante um parto normal, podem ter diferentes graus:

  • Grau I, quando atinge só a mucosa;
  • Grau II, quando atinge mucosa e músculo;
  • Grau III, quando ela avança para o esfíncter anal.

Dentro desta classificação a episiotomia seria considerada, pelo menos, grau II.

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Mas, sempre lacera?

Não, e é aí que mora o “segredo”. Nem sempre as lacerações irão ocorrer, ou nem sempre as de maior grau irão ocorrer, e elas podem ser evitadas ou amenizadas se a mulher tiver liberdade para escolher a posição que quer parir, se não houver puxos dirigidos (quando ficam mandando fazer força) e quando há o mínimo de manipulação da área perineal possível.

Não há nenhuma evidência científica sobre benefícios da episiotomia, aliás nunca houve um estudo para ela começar a ser praticada, porém as sociedades de ginecologia deixam muito em aberto sobre a real necessidade da intervenção, ficando sempre a cargo do médico decidir se irá fazer, mas há um consenso que ela NUNCA deve ser realizada como um procedimento de ROTINA.

E ela é uma violência obstétrica ainda mais se é feita sem o consentimento da mulher.

E por falar em consentimento…

Não é só somente sobre avisar que o procedimento será realizado! É sobre a mulher entender o que pode ser feito e concordar com isso! E quem concordaria em fazer algo que não é necessário e ainda vai contra todas as evidências científicas?

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