Como a amamentação pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de alergias alimentares a longo prazo
Antes de tudo. Você sabe me dizer qual é a diferença entre alergia alimentar e intolerância alimentar? Muitas pessoas se confundem nos termos porque não conhecem as características de cada uma dessas condições, muito menos sabem como elas são influenciadas pelo aleitamento materno. Então eu vou te explicar:
A alergia alimentar uma reação causada por uma resposta imune que ocorre após a exposição a uma substância alimentar, geralmente proteína. A reação pode ocorrer após a primeira vez que o alimento é consumido (primeira exposição) ou após várias exposições ao alimento, variando de uma pessoa para outra.
Os alimentos que comumente provocam alergias alimentares são amendoins, frutos do mar, leite, ovos, soja, trigo, nozes, frutas (melão, morango, etc) e peixes. A alergia ao leite tem maior prevalência em crianças de 1 e 2 anos de idade e amendoins em indivíduos entre 6 e 19 anos de idade.
Os sintomas de uma alergia alimentar são: gastrointestinais (náuseas, refluxo, flatulência, dor abdominal, vômitos e diarreias), cutâneos (urticárias, eczema – erupções cutâneas, eritema – vermelhidão na pele) e respiratórios (rinite, asma, tosse). Os sintomas respiratórios ocorrem somente em alergias alimentares e são frequentemente um sinal de anafilaxia (grave reação alérgica que pode causar a morte). Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra.
Já a intolerância alimentar ocorre quando existe uma incapacidade de digerir alguns alimentos devido a uma razão não imunológica, como uma deficiência de enzima ou desordem metabólica. Geralmente a intolerância a lactose e ao glúten são as mais comuns, no entanto, as duas são relativamente raras em crianças.
Os sintomas variam muito de uma pessoa a outra. Os mais comuns são distúrbios gastrintestinais e cutâneos sendo geralmente os mesmos relacionados à alergia alimentar.
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Como prevenir alergias alimentares?
Estudos apontam que entre 5 % e 8 % das crianças possuem algum tipo de alergia alimentar. As manifestações respiratórias estão estimadas entre 20 % a 30 % dos casos e 16 % a 42% de lactentes apresentam Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) decorrente de alergia alimentar. Ainda de acordo com pesquisadores da área, o aumento das taxas de alergia alimentar na infância reflete uma falha crescente dos primeiros mecanismos de tolerância imunológica.
Alergias alimentares são conhecidamente causadas pela introdução de alimentos com grande potencial alergênico, como soja, peixe, ovo, trigo, nozes, amendoim, frutos do mar (crustáceos) e leguminosas. No entanto, a causa mais frequente para o desenvolvimento de uma alergia alimentar é a ingestão da proteína do leite de vaca devido ao seu elevado poder alergênico e a introdução precoce em crianças não amamentadas ou em aleitamento materno misto.
Estudos indicam que a exposição aos seis meses de idade a algum alimento com potencial alérgico ajudaria no desenvolvimento da tolerância imunológica. Por isso, esse período entre seis e sete meses de idade é chamado de “janela de oportunidades”, pois é um momento da vida do bebê onde, teoricamente, o sistema imunológico estaria maduro o suficiente para receber novos alimentos. Esse momento também é recomendado pela OMS e o Ministério da Saúde como período para a introdução alimentar.
Mas atenção! Se já existir algum caso de alergia na família, é indicado que a introdução alimentar seja gradual. Nesse caso, cada alimento que apresenta um risco alergênico para o bebê deve ser introduzido isoladamente.
E o que tudo isso tem a ver com amamentação?
Lembra que já falamos anteriormente sobre a importância do aleitamento materno para o desenvolvimento da imunidade e a proteção contra doenças respiratórias e gastrointestinais? Você percebe, então, a relação entre a amamentação e doenças como alergias alimentares?
Algumas pesquisas afirmam que o aleitamento materno também é uma forma de prevenção de alergias em geral e auxilia no desenvolvimento da tolerância oral aos alimentos. A recomendação é de que a introdução alimentar seja acompanhada pela manutenção da amamentação, afinal o leite materno protege a mucosa gastrointestinal e diminui a permeabilidade intestinal, prevenindo doenças agudas nessa região.
Se você ainda dúvidas sobre como administrar a introdução alimentar de forma adequada e realizar a manutenção do aleitamento materno para evitar alergias alimentares e outras doenças, entre em contato com uma consultora em aleitamento materno para ter orientações.