Infelizmente, a discriminação racial está em todo lugar e a maternidade não é uma exceção. No meio materno-infantil, assim como em outros contextos sociais, vemos várias formas de manifestação de racismo, seja ele sutil ou explícito.
Para algumas pessoas, frases como “a mulher negra é mais forte” ou “a mulher negra é mais resistente à dor” podem parecer inofensivas. Mas, na verdade, elas são carregadas de preconceito e só reforçam como o racismo ainda é algo naturalizado em nossa cultura. E sabe o que é pior? São frases como estas que profissionais utilizam para justificar e mascarar a violência obstétrica contra mulheres pretas.
Violência obstétrica contra mulheres pretas
Os números da violência obstétrica já são assustadores por si só. Então, nem preciso falar que as estatísticas são ainda piores para as mulheres pretas, certo? O preconceito não afeta só a vida social ou econômica. Ela interfere na forma que mulheres pretas dão a luz aos seus filhos. O estereótipo racista que reforça que as mulheres pretas são fortes, portanto resistentes à dor, é um dos fatores que causam um sofrimento enorme a elas.
De acordo com o estudo conduzido pela doutora em saúde pública, Maria do Carmo Leal e um grupo de pesquisadores, foi constatado que “apesar de sofrerem menos episiotomias em comparação às brancas, mulheres negras tinham chances menores de receber anestesia durante o procedimento”. Ou seja, elas têm o acesso a recursos para alívio da dor do parto impossibilitado.
Outro dado alarmante, mostra que “desse grupo de mulheres que receberam o corte no períneo, em 10,7% das mulheres pretas não foi aplicada a anestesia local para a realização do procedimento, enquanto no grupo das mulheres brancas a taxa de não recebimento de anestesia foi de 8%”.
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O contexto social da mãe negra
Como se não bastasse a experiência negativa da mulher negra com o parto, as dificuldades não acabam quando o bebê nasce. Muito pelo contrário. Ela ainda precisa lidar com a criação dos filhos e o sustento da família, muitas vezes sem estrutura e rede de apoio. Além disso, a mulher negra terá uma preocupação que muitas mulheres brancas não precisarão vivenciar, que é a discriminação racial e violência sofrida pelos filhos.
Sabemos que o racismo ainda é fortemente presente na sociedade, mas também precisamos refletir sobre o que nós estamos fazendo para mudar isso. Como as áreas materno-infantis estão agindo para acabar com esse abismo social e evitar que mais mulheres sofram no parto e ao longo da maternidade? E mais que só refletir, precisamos agir.
Fonte: ABRASCO; Revista Fórum
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