Talvez seja o momento de você repensar a alimentação de seu filho
Abaixo, nós escolhemos compartilhar com vocês um testemunho extraído do livro “Meu filho não come!” do Dr. Carlos González do que nossos filhos nos diriam se pudessem falar. Vale a pena ler para a reflexão:
Desde que fiz nove meses comecei a notar meus pais um pouco impertinentes com a comida. Até então, meus pais me davam comida sem problemas, mas começaram a querer me dar outra colherada quando eu já tinha acabado, e outro dia tentaram meter na minha boca uma coisa gelatinosa e repugnante que chamavam de ‘miolinho’ e diziam que era um alimento muito bom. No princípio, eram dias isolados e não dei muita importância. Às vezes, para vê-los felizes, eu comia a colherada a mais, embora eu ficasse me sentindo pesado a tarde toda e tivesse que comer uma colherada a menos à noite. Agora eu me arrependo e me pergunto se não deveria ter sido mais rigoroso desde o princípio. Será que é verdade o que dizem, que quando você cede com os seus pais, mesmo que seja uma única vez, eles ficam malcriados e depois estarão sempre exigindo mais? Eu sempre tinha pensado que educaria meus pais com paciência e diálogo, longe do autoritarismo do passado, mas agora, considerando o que aconteceu, não sei mais o que pensar.
O verdadeiro problema começou há um mês e meio, quando eu tinha dez meses. De repente comecei a sentir-me mal. Tinha dor de cabeça, nas costas e na garganta. A dor de cabeça era o pior, qualquer barulho ressonava e percorria meu corpo de cima para baixo e de baixo para cima. Quando a vovó me dizia ‘guti-gutti’, (e eu na verdade quase gosto mais que Jonathan) eu sentia que minha cabeça ia explodir. E, para completar, em vez de desabafar chorando, como outras vezes, meu próprio choro ressoava nos ouvidos, e estava cada vez pior. Essa espécie de massinha amarelada que às vezes aparece na minha fralda (não sei de onde sai, mas a mamãe nunca me deixa brincar com ela) também mudou. Cheirava mal e queimava meu bumbum. Alberto, um menino do parque que já tem treze meses, me disso que isso era um vírus e que não tem importância. Mas meus pais não devem entender tanto disso quanto o Alberto, porque pareciam preocupados, como se não soubessem o que fazer. Durante quase uma semana eu não conseguia nem engolir. Sorte pelo leite do peito, que sempre entra bem. Mas com as papinhas eu sentia uma coisa aqui na garganta e acabava vomitando. E o estranho é que eu sequer tinha fome. Eu dizia aos meus pais o que estava acontecendo, mas eles não entendiam nada. Às vezes fico desesperado com eles e penso que já está na hora de eu aprender a falar. Eles entendiam tudo ao contrário. Eu chorava baixinho e continuamente, dizendo ‘me abracem o tempo todo’ e eles me deixavam no berço. Eu fazia cara de ‘hoje eu realmente não tenho vontade de nada’, e eles vinham me dar mais comida. Eu fazia cara de ‘uma colherada mais e eu vomito’, e eles ficavam bravos e gritavam, e diziam não sei o quê de ‘malandragem’.
Por sorte, a dor de cabeça e tudo mais só durou uns dias. Mas meus pais nunca mais foram os mesmos. Eles continuam empenhados em me dar comida que eu não quero. E não é só uma colher a mais, como antes. Agora eles querem que eu coma o dobro ou o triplo do normal. Se comportam de uma maneira muito estranha, uma hora estão eufóricos imitando um índio com a colher gritando ‘o avião, olha o avião, bruuuuuuuum!’ e logo ficam agressivos e tentam abrir minha boca à força, ou ficam deprê e começam a choramingar. Pensei se não podia ser o vírus, se eles também não podem estar com dor de cabeça e nas costas. Seja o que for, a questão é que a hora de comer se transformou em um verdadeiro suplício. Só de pensar nisso me dá vontade de vomitar e eu perco um pouco a fome que eu tenho…”
E vocês, já se encontraram em uma situação difícil relacionada a alimentação dos filhos? Como conduziu a situação? Conte pra gente!