Você que entrou como gestante, doula, consultora de aleitamento ou simpatizante, teve alguma dificuldade de entender alguns termos que são usados nesse universo materno-infantil? Se sentiu o ET de Varginha andando pelas ruas do meu Brasil? Vamos tentar traduzir algumas coisas aqui para você! Se liga:
Analgesia: método farmacológico de alívio à dor. Um dos métodos de analgesia é a peridural.
Anestesia: método farmacológico de bloqueio da dor. Pode ser local ou raquidiana (raqui).
Apgar: índice que serve para avaliar a vitalidade do bebê através de uma nota.
Apojadura: descida do leite que pode acontecer em média em 72h após o parto.
BCF: batimentos Cardíacos Fetais (som do coraçãozinho do bebê <3).
Bebê pélvico, transverso e cefálico pélvico: pélvico significa que está sentado na barriga da mãe; transverso significa está deitado; e o cefálico significa que está de cabeça para baixo.
Bebê pré-termo, a termo e pós-termo:
Pré-termo: bebê com menos de 37 semanas.
A termo: bebê entre 37 semanas e 41 semanas.
Pós-termo: bebê com 42 semanas ou mais.
BLW: em inglês, Baby Lead Weaning, que significa desmame conduzido pelo bebê. É um método de introdução alimentar.
Bolsa rota: quando a bolsa das águas (ou as membranas) rompe. Quando isso acontece fora de trabalho de parto se chama ruptura prematura das membranas.
Cardiotoco ou cardiotocografia: aparelho eletrônico que é usado para medir os batimentos cardíacos do bebê (BCF) e as contrações uterinas. Ele tem duas cintas e dois eletrodos que ficam presas ao redor da barriga da mãe.
Cascata de intervenções: se refere às muitas intervenções que podem acontecer em um parto, como se uma “puxasse” a outra.
Exemplo: a mulher não pode andar durante o trabalho de parto, as contrações diminuem, é colocado ocitocina para aumentar as contrações, ela fica com muita dor, se faz então uma analgesia, o bebê fica com os batimentos diminuídos e acaba sendo indicada uma cesariana.
Cesárea eletiva: cesariana com dia e hora marcados. Pode ser por algum motivo médico ou por conveniência.
Cesárea ou cesariana: procedimento cirúrgico que consiste no corte de sete camadas do corpo para que se realize a retirada do bebê pelo abdômen da mãe.
Circular de cordão: quando o cordão umbilical está dando uma volta em alguma parte do corpo do bebê, geralmente na região do pescoço.
Não é indicação de cesariana.
Colo apagado: ou colo fino é quando o colo do útero já iniciou o processo de dilatação, ele precisa afinar e abrir (não necessariamente nesta ordem) e está com uma espessura menor que o colo que ainda não foi “trabalhado”.
Colostro: primeiro leite rico em imunoglobulinas que a mãe produz. Ele tem aspecto amarelado e mais transparente que o leite “maduro”. Também é produzido em menor quantidade, visto que pouco colostro já é suficiente para sustentar o bebê nos primeiros dias de vida até a apojadura.
Contração: quando os músculos do útero contraem para o nascimento do bebê.
Descolamento de membranas: é uma técnica que pode ser usada para a indução do trabalho de parto. Ela “prepara’ o colo do útero, é feita no momento do exame de toque e é necessário ter alguma dilatação, pois o médico insere um dedo dentro do colo do útero para “descolar” a região da bolsa que fica aderida ao colo. Isso produz prostaglandina que ajuda a amolecer e afinar o colo, além de sinalizar para o corpo produzir ocitocina. Só deve ser feita com consentimento.
Descolamento Prematuro de Placenta: quando a placenta se separa do útero antes do nascimento do bebê, causando dor e em alguns casos sangramento pondo em risco a vida da mãe e do bebê. Deve ser feita a cesariana.
Dilatação: processo de abertura do colo do útero para permitir o nascimento do bebê.
Doula: acompanhante treinada para auxiliar a gestante em trabalho de parto.
DPP: Data Provável do Parto, que seria quando a gestação completa 40 semanas. A DPP pode ser estimada de acordo com a data da última menstruação, ou pela primeira ecografia realizada até as 10 semanas de gestação. Ela é apenas uma estimativa, nenhum bebê “passa da hora” por não nascer com 40 semanas.
DUM: Data da Última Menstruação.
E.O. ou Enfermeira Obstetra: enfermeira com especialização em obstetrícia, apta a atender partos de risco habitual.
Enema: lavagem intestinal, não deve ser feita antes do trabalho de parto.
Epi-no: aparelho que pode ser utilizado usado no final da gestação para ajudar no preparo para o parto realizando o alongamento da musculatura perineal, com o objetivo de diminuir a chance de laceração no momento do expulsivo.
Episiotomia: corte realizado na entrada da vagina que seria para facilitar ou acelerar a saída do bebê no parto. Realizar a episiotomia de rotina está desaconselhado.
Episiorrafia é o nome da sutura para fechar a episiotomia.
Expulsivo: momento do nascimento do bebê. Geralmente quando as mulheres sentem o círculo de fogo.
FIV: Fertilização In Vitro.
Fórceps e vácuo extrator: instrumentos utilizados para retirar o bebê de dentro da mãe através de tração. Podem ser utilizados durante a cesariana e parto normal.
Gravidez ectópica: gravidez que ocorre fora do útero, geralmente nas trompas.
Hora de ouro: primeira hora após o nascimento do bebê, onde há ação de diversos hormônios quando é permitido o contato do bebê com a mãe favorecendo o vínculo e a amamentação.
Iatrogenia: estado de doença, efeitos adversos ou complicações causadas por ou resultantes do tratamento médico/de enfermagem.
IG: Idade Gestacional.
IIC: Insuficiência Istmo-Cervical, ou seja, quando o colo do útero não tem capacidade de suportar o peso da gravidez sem se dilatar.
ILA: Índice de Líquido Amniótico. Ele varia durante a gestação e pode acontecer de estar normal (normodrâmnio ou normodramnia), estar aumentado (polidrâmnio ou polidramnia), ou estar diminuído (oligodrâmio ou oligodramnia). Ele estar aumentado ou diminuído apenas não é indicação de cesariana, deve ser avaliado caso a caso.
Intervenção de rotina: procedimento médico feito sem critério ou individualização, igual para todos.
Intraparto: o que ocorre durante o trabalho de parto.
Kristeller ou Manobra de Kristeller: manobra que consiste em apertar o fundo do útero da mãe com força para acelerar a saída do bebê. É um procedimento obsoleto e desaconselhado pela OMS.
LA: Líquido Amniótico, mas pode ser também Leite Artificial a depender do contexto.
LD: Livre Demanda, ou seja, quando as necessidades do bebê definem as mamadas. Não há horários fixos para o bebê mamar.
LM: Leite Materno ou dependendo do contexto Licença Maternidade.
Mecônio: é a primeira evacuação do bebê. O bebê já produz e elimina mecônio ainda no útero, isso significa que ele engole e digere o mecônio sem nenhum risco. Quando o bebê sofre uma diminuição na sua oxigenação ele pode eliminar mecônio também. O mecônio é um problema quando ele é aspirado pelo bebê, o que pode acontecer quando ele não nasce bem e faz a primeira respiração. Por isso a monitoração durante o trabalho de parto é importante, especialmente na presença de mecônio (quando a bolsa rompe e o líquido sai esverdeado). O mecônio por si só não é indicação de cesariana, somente se os batimentos cardíacos do bebê não estão bem, e aí há o risco do bebê aspirar o mecônio ainda dentro da barriga.
Obstetra Humanizado: profissional médico obstetra que tem o atendimento para as gestantes baseado no protagonismo da mulher, nas evidências científicas e que trabalha com equipe transdisciplinar.
Obstetra tipo-humanizado: profissional médico obstetra que deixa de atender um dos 3 pilares para um parto humanizado: respeitar o protagonismo da mulher, ter conduta baseada em evidência científica e trabalhar com equipe transdisciplinar.
Obstetriz: profissional que fez o curso de Obstetrícia e que é apta a atender partos de risco habitual.
Ocitocina: hormônio produzido pelo corpo humano durante o orgasmo, o parto e a amamentação e que provoca contrações uterinas. A ocitocina também seria o hormônio do vínculo e do amor. Existe também a versão sintética utilizada para induzir ou acelerar um parto que deve ser utilizada somente se necessário pois pode causar além de aumento da dor, danos para o bebê se usada indiscriminadamente.
Óxido nitroso (gás hilariante): Gás utilizado em alguns países que ajuda a reduzir as dores das contrações e que tem efeitos colaterais menos severos que as anestesias. No Brasil é pouco utilizado.
PA: Pressão Arterial.
Parteira Tradicional: mulheres que atendem partos, geralmente são mulheres mais velhas, sem formação acadêmica, mas com experiência e conhecimento acerca de técnicas, manobras e uso de ervas no ciclo de gestação, parto e pós-parto. Recebem os ensinamentos durante a vida por uma outra parteira da região.
Parto Leboyer: técnica de parto onde ele deve acontecer de forma suave, com luz baixa, poucos sons para diminuir o trauma sensorial do bebê no momento do nascimento.
Parto operatório: parto que necessita de assistência com fórceps ou vácuo-extrator.
Parto pélvico: quando o bebê nasce “sentado”.
Partolândia: um “lugar” para onde toda mulher em trabalho de parto é transportada. Um estado alterado de consciência que só acontece durante um trabalho de parto.
PC: Parto Cesáreo ou Paralisia Cerebral.
PD: Parto Domiciliar.
PED: Pediatra.
Períneo íntegro: falamos assim quando durante o parto a musculatura não foi cortada (por episiotomia), nem lacerada.
Períneo: musculatura que fica entre a vagina e o ânus.
Placenta Acreta: quando, ao aderir, a placenta penetra em outros tecidos além do útero, com isso a sua saída fica mais difícil e arriscada após o parto.
Placenta: órgão responsável pelo suprimento de sangue, nutrientes e oxigênio para o bebê, que é formado durante a fase inicial da gestação e sai do útero depois do nascimento do bebê.
Plano de parto: documento que lista as escolhas que a mulher/casal faz para o momento do nascimento do bebê.
PN: Parto Normal.
PNH: Parto Normal Humanizado.
PP: Placenta Prévia, quando a placenta fica inserida na região do colo do útero. É indicação de cesariana.
Pré- eclampsia, eclampsia e síndrome HELLP: na pré-eclâmpsia há o aumento da pressão arterial é acompanhado de proteína na urina (proteinúria). Sem tratamento, a pré-eclâmpsia pode causar repentinamente convulsões (eclâmpsia). A síndrome de HELLP consiste em hemólise (a destruição das células vermelhas do sangue), níveis elevados de enzimas hepáticas, indicando danos ao fígado, baixa contagem de plaquetas, tornando o sangue menos capaz de coagular e aumentando o risco de sangramento durante e após o parto.
Primigesta: mulher grávida pela primeira vez.
Prostaglandina: substância produzida pelo corpo que desencadeia a produção de ocitocina e ajuda a iniciar o trabalho de parto. Também pode ser produzida artificialmente.
Puerpério: período pós-parto que tem a duração física de 40 dias após o nascimento e emocional de 2 anos ou mais.
Risco Habitual, Alto Risco, Baixo Risco: classificação feita para prever complicações que possam estar associadas com a gravidez baseada em fatores de risco como obesidade, diabetes, hipertensão, etc.
Ruptura uterina: quando o útero se rompe durante a gravidez, geralmente quando há cicatriz cirúrgica no útero ou quando se usam medicamentos para induzir fortes contrações. É algo raro de acontecer.
Sofrimento fetal: quando o bebê tem o suprimento de oxigênio comprometido parcial ou totalmente, causando uma série de sintomas.
Spinning babies: Técnicas posturais que auxiliam no alongamento dos ligamentos da bacia e no melhor posicionamento do bebê.
Tampão: muco que fica no colo do útero produzido durante a gestação para proteger o bebê. A perda do tampão pode ser um dos sinais que o trabalho de parto está para começar.
TN: ecografia de Translucência Nucal que mede a espessura de uma região na parte posterior do crânio até a região inferior do tórax, para avaliar se há algum problema genético.
Toque ou exame de toque: exame feito introduzindo dois dedos na vagina da mulher, durante o trabalho de parto é realizado para avaliar a dilatação do colo ou a posição da cabeça do bebê.
TP: Trabalho de Parto.
Tricotomia: raspagem dos pelos, antigamente acreditava-se que raspar os pelos antes do parto era mais higiênico.
US, USG: Ultrassom ou ecografia (ECG).
VBAXC ou PNAXC: VBAC é o termo em inglês para parto normal após cesariana (vaginal birth after cesarean). O termo em português seria PNAC e o X são o número de cesarianas. É possível sim ter parto normal após uma ou mais cesarianas. Há o risco de ruptura uterina que varia de 0,2 a 0,7%. Mas é pequeno e não contraindica a tentativa de um parto normal. O risco aumenta um pouco se o intervalo entre a primeira cesárea e o parto é menor que 18 meses, por isso a recomendação de uma espera superior a esse tempo (mas intervalos menores não contraindicam o parto normal), ou depois de repetidas cesarianas.
VCE: Versão Cefálica Externa que é uma manobra que pode ser feita no final da gravidez pelo obstetra para virar de cabeça pra baixo um bebê que está sentado.
Vernix: secreção esbranquiçada que envolve a pele do bebê quando ele nasce. O vernix é basicamente uma secreção sebácea, composta por gordura, aminoácidos e células que se desprenderam da pele do bebê no período intrauterino. Ele serve para hidratar a pele do bebê, facilitar a passagem pelo canal do parto, proteger a pele do estresse ambiental e de bactérias nocivas e prevenir a perda de calor nas primeiras horas de vida. Por conta da sua função ele não deve ser removido logo após o nascimento! O banho deve ser adiado por pelo menos 6 horas após o parto de acordo com a OMS.
VO: Violência Obstétrica. Toda e qualquer situação onde não se respeita o protagonismo da mulher, onde não se usam evidências científicas para o atendimento à gestante e onde não é possível ter uma equipe transdisciplinar.
Ficou com alguma dúvida ou lembrou de algum termo que não citamos aqui? Deixe um comentário aqui pra nós! 🙂