Artigo elaborado pela aluna Andressa Elisa Matos

O tema da Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) de 2022 sintetiza o que é preciso para estabelecer uma cultura em nossa sociedade que de fato promova, proteja e apoie a amamentação: fortalecer a amamentação – educando e apoiando. Dito em outras palavras, não basta leite no peito e bebê/criança para mamar, é preciso socialização de informação de qualidade baseada em evidências científicas atualizadas, assim como educação perinatal junto ao pré-natal, para que seja fornecida condições objetivas para um processo reflexivo de compreensão acerca das informações recebidas pelas famílias.

Ademais, o apoio no processo de aleitamento materno é fundamental, tanto da família, quando da sociedade (amigos, vizinhos, escola, igreja) e Estado – políticas públicas. Quando a questão é o retorno ao trabalho, o apoio, proteção e promoção ao aleitamento materno se tornam ainda mais imprescindíveis.

De acordo com Almeida et al (2021), em estudo realizado com lactantes trabalhadoras formais da área da saúde e que retornaram ao trabalho durante o período de aleitamento materno, as principais dificuldades encontradas para o estabelecimento da amamentação por mais tempo foram a falta de apoio dos empregadores e colegas de trabalho, falta de local e tempo adequado para ordenha, bem como para amamentar o bebê no período estabelecido pela legislação trabalhista – qual seja de dois intervalos de 30 minutos –, sobrecarga física e emocional constitutivas da realização de diversas funções ao mesmo tempo, e por fim, local de trabalho insalubre. Já como fatores que contribuíram para a continuidade de amamentação mesmo após o retorno ao trabalho, a referida pesquisa trouxe o encorajamento da família e da rede de apoio, e ainda, conhecimento prévio sobre os benefícios do aleitamento materno para a díade mãe-bebê. Não precisa ir longe para encontrarmos lactantes se deparando com dificuldades para manter a amamentação mesmo após o retorno ao trabalho. Entretanto, o que este texto visa demonstrar é que, continuar amamentando após a licença maternidade e retorno ao trabalho é possível, no entanto, envolve diversas variáveis para sua efetivação. Não se trata apenas da vontade individual da díade mãe-bebê, mas também de políticas públicas efetivas de promoção ao aleitamento materno, assim como ampliação e cumprimento da legislação vigente, com vistas em favorecer e facilitar esse processo, tão importante para todo o planeta.

Andressa Elisa Matos

Doula e Educadora Perinatal

@andressaelisadoula

Referência:
ALMEIDA, Lourdes Maria Nunes, et al. A influência do retorno ao trabalho no aleitamento materno de trabalhadoras da enfermagem. 2021.